COLOMBO CLAMA POR CULTURA: “PRECISAMOS DE UM TEATRO”, DIZ ESTER SCHELBAUER

Ester Schelbauer, Colombo, Almirante Tamandaré

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Colombo tem quase 300 mil habitantes, está colado com Curitiba — mas como é a arte para quem mora na cidade?  Para Ester Schelbauer, professora, artista e fundadora do Instituto Pavilhão das Artes, quem mora em Colombo sabe que a questão cultural ainda precisa melhorar muito.

 “Não temos um teatro em Colombo. Tem o Céu das Artes, mas é um espaço limitado em público, palco e camarins. Tudo que remete a apresentações artísticas é bem complicado por aqui .”

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

A ausência de infraestrutura impacta diretamente os projetos locais. Ester diz que a Paixão de Cristo, um dos eventos  tradicionais da cidade, é realizada no Parque da Uva, por que se adequa a um espaço ao ar livre. Já outros tipos de apresentação não têm onde acontecer. Além disso, por muito tempo Colombo nem sequer tinha uma Secretaria de Cultura própria.

“Era um departamento vinculado a outra secretaria. Hoje temos uma Secretaria de Cultura, então a expectativa é que comecem a acontecer mudanças, desde estrutura até leis de incentivo e fomento à cultura.”

Apesar dos obstáculos, Ester é sinônimo de resistência. Há 25 anos, ela mantém a Escola e Instituto Pavilhão das Artes funcionando com muito esforço, pois não recebe ajuda privada nem pública. O amor pela Arte supera as dificuldades.

“A arte existe aqui. Temos artistas incríveis. O que falta é espaço, visibilidade e incentivo.”

Sem contar com estrutura adequada em sua própria cidade, ela buscou apoio em municípios vizinhos. Ester lembra de Campina Grande do Sul, por exemplo, que tem o teatro no Jardim Paulista, além de Pinhais,  municípios que acolhem muito bem e onde há possibilidade de eventos menores.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Bolshoi em Colombo?

Foi também com iniciativa própria que Ester levou a seletiva da renomada Escola do Teatro Bolshoi no Brasil até Colombo.

“Vi que eles fariam seletivas em outros estados, e pensei: por que não aqui? Entrei em contato, enviei a documentação exigida e conseguimos trazer a parceria. Foi extraordinário.”

Porém, nem tudo saiu como o esperado. A estrutura foi novamente um obstáculo, foram muitos inscritos de diversas cidades do Brasil.

“Fizemos a seletiva no antigo ginásio da FAEC porque o espaço da Escola não comportaria. Vieram muitas crianças e jovens. Tudo por nossa conta: desde a organização, translado da equipe, alimentação, hospedagem. Não temos apoio financeiro, mas fazemos com prazer, porque acreditamos na arte.”

 

Como a mídia é nacional, e a Pré Seleção é divulgada em muitos meios de comunicação, fui pesquisar e li num jornal a seguinte matéria:

‘Bolshoi fará seletiva em uma das cidades mais violentas do País. Eu chorei ao ler isso. Porque não é verdade. Colombo faz parte da Grande Curitiba, tem problemas como qualquer município, mas também tem muita beleza, cultura e gente batalhadora, além de enormes possibilidades de se encontrar grandes estrelas”.

 

Quando perguntada sobre quantas pessoas já se tornaram profissionais, Ester vai direto ao ponto:

‘Tenho, por exemplo, professores que começaram comigo. Eles começaram lá, deram início às aulas e buscaram uma qualificação, uma formação superior. hoje eles dão aula. Em se tratando do Bolshoi, já levamos alguns talentos porque aqui é uma pré-seletiva. Depois eles são encaminhados para Joinville, onde passam por mais três seletivas. É a peneira, o garimpo, né?’

 

Almirante Tamandaré ajudando a cultura
Dessa experiência nasceu o Pavilhão Arte Festival, que hoje acontece no teatro do Parque Ambiental Aníbal Khury, em Almirante Tamandaré.

“Era o antigo Dança Colombo. Agora temos música, teatro, poesia, stand-up… O Dança Colombo continua como um dos braços do festival. Está crescendo. No antigo formato do Dança Colombo, não tínhamos o paço aberto, Feira, música, teatro, poesia, stand-up… Desta experiência, nasceu o Pavilhão Art Festival. O Dança Colombo continuará existindo e sendo o principal braço do festival. Está crescendo cada vez mais.”

 

O evento reúne centenas de artistas de diferentes cidades. “Nosso festival é artístico, não tem fronteiras. Queremos acolher todas as linguagens: dança, canto, teatro, pintura, poesia… Estamos abertos a parcerias.”

Foto: Divulgação

E as seletivas do Bolshoi continuam
Ester reforça que muitos alunos já foram encaminhados para Joinville e só o fato de participarem desse processo, é uma vitória. E o mais importante: crianças de 9 a 11 anos podem se inscrever sem ter nenhuma experiência prévia com dança. Ester explica que todas as inscrições acontecem direto no site do Bolshoi e reforça que a falta de experiência não atrapalha o processo seletivo:

‘Porque isso é uma coisa que prende muito. Há candidatos que acham que não dá para ir porque eles nunca dançaram na vida. Piás entre 9 e 11 anos e as meninas entre 10 e 11 anos não precisam ter experiência com dança. Pode ir sem medo.”

 

Este ano, o festival será nos dias 22, 23 e 24 de agosto, e a seletiva do Bolshoi acontece logo no primeiro dia, 22. “Teremos uma turma especial de preparação para quem quiser participar da seletiva. Quem tiver interesse, pode nos chamar no Instagram, no @escolapavilhaodartes.”

“Precisamos de um teatro. Mas enquanto ele não vem, seguimos criando, resistindo e acreditando. Se você é artista ou amante da arte, vem com a gente.”

 

Foto: Divulgação

 

Anterior PINHAIS CRIA SUPERINTENDÊNCIA DA MULHER E DECLARA GUERRA À VIOLÊNCIA DE GÊNERO! 
Próximo VEREADORA APRESENTA PROJETO-BOMBA CONTRA PRIVATIZAÇÃO DAS ESCOLAS DE CURITIBA!