ASSOCIAÇÃO FAMOSA PELA LUTA PARA SUPERAR DESAFIOS DA HANSENÍASE AMPLIA SUA ATUAÇÃO

hanseníase , Associação São Roque, Piraquara

Foto: Associação São Roque
Foto: Associação São Roque

Dois Boletins Epidemiológicos publicados pelo Ministério da Saúde jogam luz sobre a hanseníase no Brasil. Embora tratem da mesma doença, os documentos abordam aspectos diferentes: o primeiro analisa a qualidade dos dados entre 2019 e 2023, enquanto o segundo investiga os casos de abandono de tratamento entre 2014 e 2023.

Os números ainda preocupam. Em 2023, o Brasil detectou 22.773 novos casos, o que representa uma taxa de 10,68 casos por 100 mil habitantes, colocando o país na segunda posição mundial, atrás apenas da Índia. A hanseníase é uma doença infecto contagiosa crônica, com manifestações  dermato-neurológicas, que ainda impõe desafios tanto na área da saúde quanto na esfera social.

É neste cenário que instituições como a Associação São Roque atuam há mais de três décadas com o objetivo de reduzir desigualdades e fomentar a autonomia de populações vulneráveis. Com sede em Curitiba e forte presença em Piraquara, a associação evoluiu de uma iniciativa de apoio a pacientes com hanseníase para um amplo leque de ações culturais, educacionais e sociais.

“A Associação foi fundada em 1988 por voluntários que prestavam apoio às famílias de pacientes internados no Hospital São Roque, numa época sem política pública de assistência social. Com o tempo, fomos nos estruturando e expandindo nossas ações para atender novos públicos, sempre com o objetivo de fortalecer a autonomia, não gerar dependência”, completa.

Piraquara presente
Apesar da origem ligada à hanseníase, o foco da instituição mudou. Hoje, o atendimento direto a pessoas com hanseníase não é mais nossa prioridade, graças aos avanços do SUS. Camila lembra que é importante manter essa história viva na memória institucional, mas os esforços se concentram em projetos mais amplos.

Foto: Associação São Roque
Foto: Associação São Roque

Dentre esses projetos, destaca-se o trabalho em Piraquara (PR), onde cerca de 340 pessoas são atendidas regularmente.

“Temos desde o ‘Projeto Nós Fazemos Cultura’, com aulas de música e literatura, até o ‘Programa Alcance’, que atende crianças, adolescentes e mulheres por meio do SCFV”, explica a gerente administrativa.

Além disso, o programa Cidadania em Movimento oferece acolhimento e orientação para acesso a direitos, enquanto projetos como o ProBIA incentivam a permanência de estudantes no Ensino Médio e Superior. Já o projeto Jovens Sustentáveis busca formar líderes comprometidos com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

“Nosso papel é enfrentar as desigualdades, especialmente em regiões como Guarituba, onde o acesso à saúde e à educação ainda é precário”, diz Camila Muller. “Lidamos com informalidade, insegurança econômica e violência. Nosso trabalho é integrar, incluir e fortalecer essas comunidades”.

A sede da Associação São Roque no bairro Bacacheri, em Curitiba, abriga o setor administrativo, conselhos e diretoria. É também lá que funciona o bazar permanente, uma importante fonte de recursos para os projetos. “O bazar é aberto às terças e quintas. Recebemos doações em bom estado e vendemos a preços acessíveis. A renda mantém nossos projetos em Piraquara”, explica Camila.

As ações com foco na cultura como ferramenta de inclusão

  •  No Núcleo de Música, crianças e adolescentes participam de atividades como musicalização, coros e aulas de instrumentos como violino, violão e cello. São 120 cantores nos coros Gato na Tuba e 40 crianças na musicalização infantil. Os ensaios e apresentações acontecem o ano todo.
  • No campo da literatura, os projetos Contasonhos e Adora Ser incentivam o gosto pela leitura e a escrita criativa. A Biblioteca Monteiro Lobato, com mais de 4 mil volumes, é referência para os participantes. “Estamos trabalhando para que, em breve, a biblioteca seja aberta à comunidade. Queremos compartilhar esse acervo com mais pessoas”, revela Camila.
  • Já o Programa Alcance é uma das principais frentes da associação. Ele é dividido entre o SCFV e o Cidadania em Movimento. “Trabalhamos com grupos chamados Crescer, Adolescer, Fortalecer e Florescer. Promovemos o desenvolvimento integral e o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários”, afirma Camila Muller.

Sobre a possibilidade de colaboração da sociedade
Sim, é possível ser voluntário e ajudar com doações, como instrumentos musicais, livros, roupas, calçados e alimentos. Para doar ou se voluntariar, basta entrar em contato pelo telefone (41) 3362-1249 ou pelo e-mail [email protected].

Foto: Divulgação

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