Com desfecho jurídico, Santa Casa deixa de ser palanque político


A Santa Casa de Misericórdia de Colombo foi, nas últimas duas décadas, o principal ativo eleitoral no município, desde o início do processo que culminou na insolvência da instituição, em 1995. De lá para cá, o hospital viveu uma história irregular, com diversas aberturas e fechamentos causados pelos mais diversos motivos. O atendimento ao SUS e a consequente distribuição de recursos públicos sempre confundiu a população colombense. Não é raro encontrar ainda hoje quem acredite que a antiga Santa Casa era de propriedade da Prefeitura de Colombo, e aqueles que passaram pelo poder souberam aproveitar da ingenuidade dos eleitores. Em certo momento era o Município que havia salvado o hospital; em outros, o fechamento não tinha nada a ver com a Prefeitura. Na segunda quinzena do mês de março, mais uma vez houve a tentativa de colher louros sobre a moribunda Santa Casa, que teve, enfim, seu ciclo encerrado na Justiça. 

Nas redes sociais, a ex-prefeita Beti Pavin comemorou a vinda do novo hospital, que irá funcionar no local. “Como anunciávamos no final de 2020, a antiga Santa Casa agora volta a funcionar esse (sic) novo nome. (…) Um esforço conjunto do Judiciário, Prefeitura de Colombo e Comunidade à época tornou esse sonho uma realidade”, afirmou a política. Em seguida, diversos aliados políticos de Beti Pavin passaram a compartilhar uma imagem com a informação, uma foto da Santa Casa e uma pomposa fotografia da ex-prefeita. 

É necessário colocar os pingos nos i’s. A tentativa de indicar que a futura abertura de um novo hospital teve alguma interferência positiva da antiga gestão municipal é risível. Se o fechamento foi culpa da administração da Santa Casa, que deixou de prestar contas dos recursos destinados pela Prefeitura, também não houve qualquer esforço real para sua reativação, até porque havia muito pouco que o poder público pudesse realmente fazer. E a gestão municipal sabia disso. Tanto que passou 2020 inteiro praticamente sem tocar no assunto. Em março, no início da pandemia, a Prefeitura anunciou que pediu a Santa Casa judicialmente. O assunto morreu na casca, afinal, estamos falando de uma instituição que já estava em avançada situação de insolvência, em vias de ser leiloada, com pregões marcados desde 2019.

A antiga gestão, liderada por Beti, só voltou a tratar sobre o tema a vinte dias das eleições municipais, desta vez afirmando que o município se colocava à disposição para adquirir a Santa Casa depois de quatro leilões mal sucedidos. Se havia a possibilidade legal e recursos para esta ação, por qual razão não houve movimentação para a compra do hospital nos meses anteriores? A “jogada de mestre”, porém, acabou tendo efeito contrário, como verificado no pleito eleitoral. Agora, Beti Pavin tentou mais uma vez reviver o tema de forma favorável para si, possivelmente pensando na disputa por uma cadeira na Assembleia Legislativa do Paraná. Usar a Santa Casa como ativo político não será mais possível e, ainda que fosse, 2020 mostrou que não seria o suficiente.

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