Entrevista com Juliano Polli, secretário de Agricultura e Abastecimento


No dia 26 de março, a reportagem do Jornal de Colombo foi recebida na sede da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, no Centro, para um bate-papo com Juliano Polli, que assumiu a pasta na nova gestão do município. Agricultor, Juliano tem em sua história de vida o conhecimento prático dos problemas, das demandas e, acima de tudo, das soluções dessa área. “Recebi o convite do prefeito para assumir essa secretaria. Não era algo que eu via no meu futuro, mas foi uma coisa que eu abracei para desenvolver o produtor. Um produtor não basta sobreviver, tem que evoluir”, falou durante a entrevista, em que tratou sobre os programas que a Secretaria está dando continuidade e os projetos futuros.

Jornal de Colombo – Qual a importância de ter essa vivência pessoal na agricultura para poder dirigir esta pasta e quais os objetivos gerais da sua gestão?

Juliano Polli – É muito importante pela questão do conhecimento. Nós, como Secretaria de Agricultura e Abastecimento, temos que envolver a população inteira, todos os agricultores, pensar em um todo. E todos os projetos que tentamos desenvolver aqui é para atingir a maior quantidade de famílias.

JC – Com três meses de trabalho, cite um desafio que a Secretaria está trabalhando para atingir resultados o quanto antes.

JP – Tem uma fila meio grande em relação aos tratores. Tivemos uma reunião com o secretário estadual, que nos garantiu duas retroescavadeiras e um trator novo, para conseguirmos diminuir essa fila. Está demorando para fazermos o rodízio dos equipamentos com os agricultores. Se conseguirmos aumentar essa quantidade de máquinas, conseguimos facilitar a vida deles. Esse maquinário é da Prefeitura, eles pagam um valor bem baixo. O trator está R$ 30/hora e a retroescavadeira R$ 40/hora. Este programa é para os produtores que estão inscritos no Cadastro do Produtor Rural. Eles fazem o pedido à Secretaria e vamos mandando conforme a fila vai andando. 

JC – O PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) é um dos principais programas da pasta, em parceria com a Assistência Social, e que contribui com as duas pontas: produtores e famílias em vulnerabilidade. Como está o andamento deste programa? 

JP – Conseguimos aumentar o orçamento do PAA Federal de R$ 400 mil para R$ 520 mil esse ano. Ele ajuda produtores familiares, ajudando a vender a mercadoria por um valor melhor e ajuda uma quantidade de pessoas muito grande. Atualmente são 119 produtores cadastrados, mas a nossa ideia é chegar a 130 produtores. Também são 32 entidades cadastradas para o encaminhamento desses alimentos, mas neste momento estamos conseguindo atender apenas 14, pois em razão da pandemia, muitas estão fechadas. Na última semana foram entregues 5 a 6 toneladas de alimento para famílias em situação de vulnerabilidade social. 

JC – O trabalho da pasta também está ligado ao Armazém da Família. Hoje, quantas famílias estão cadastradas para usar esse serviço?

JP – São quase 6 mil famílias. É um programa que ajuda bastante, pois os produtos têm um preço, em média, 20% a 30% mais barato do que no mercado. Porém, para a Secretaria não entra nada de valor. Todo o valor que é arrecadado no Armazém é repassado para Curitiba, que faz o gerenciamento. São mais de 40 Armazéns da Família em toda a Região Metropolitana. A Prefeitura de Curitiba acrescenta 2% no valor da nota por causa da logística existente, e a Prefeitura de Colombo arca com todo o custo. A manutenção do Armazém da Família está custando entre R$ 80 a R$ 100 mil por mês. Não tem fins lucrativos algum. E não são mercadorias de segunda linha que estão sendo vendidas lá, são mercadorias de primeira qualidade, com preço bem acessível.

JC – Qual a projeção de público que o Armazém da Família tem capacidade de atender?

JP – A estrutura comporta até 10 mil famílias. Estamos aumentando dia a dia, a procura está sempre aumentando. Inclusive, o Armazém da Família de Colombo está entre os que mais vendem na RMC. 

JC – Atualmente, em Colombo, qual é o principal mercado produtor no município?

JP – Hoje o foco é o hortifruti. Colombo está em segundo lugar no Ceasa de Curitiba. Teve uma pesquisa que fizemos junto com o IDR, e Colombo está em primeiro lugar na questão do valor da produção por metro quadrado produzido. Colombo produz em valor quase o dobro do segundo colocado. Estamos bem tecnificados, estamos avançando forte, produzindo em quantidade e qualidade, conseguindo agregar valor por metro quadrado de produção. Porém, quem está avançado é ótimo, mas há muitos produtores, em especial os produtores familiares, que precisam avançar. Também estamos focando na questão dos orgânicos com o IDR, inclusive fazendo um intercâmbio de profissionais, para trazer novos projetos, como o plantio direto, entre outras ações. 

JC – Sobre projetos futuros, há um planejamento de criação de hortas comunitárias. Me conte um pouco sobre isso.

JP – A gente está buscando recursos com o governo estadual para montar hortas comunitárias. A princípio, estamos colocando o nome “Lá no meu quintal”. Vamos fazer um projeto piloto. A Secretaria vai entrar com a preparação de solo, montagem dos canteiros e ofertar as mudas e assistência no primeiro ano. No segundo ano a gente oferece assistência e adubo. No terceiro ano, a gente oferta só a assistência, e a partir daí a associação de moradores beneficiada pode continuar os trabalhos. Inclusive, dependendo da quantidade produzida, esse projeto pode até gerar renda para essas famílias, além da segurança alimentar.

JC – Além desta ideia, que outros projetos estão sendo pensados para serem trabalhados na atual gestão municipal?

JP – Estamos batalhando bastante para desenvolver os produtores, com a realização de cursos, mostrando, por exemplo, a importância da nota do produtor. Tem muito produtor que está na hora de aposentar e diz ‘nossa, mas eu não estou conseguindo aposentar porque não tenho nota, pois não via a necessidade’. Então, vamos trazer uma pessoa do Estado para vir dar uma palestra e mostrar as informações desta questão. Estamos buscando trazer tecnologias junto ao IDR (antigo Emater) para fazer com que a agricultura seja mais rentável. Estamos com o objetivo de montar cursos de gestão. Trabalhar com a questão de orgânicos, a produção de morango, que é algo que o produtor precisa muito, dando continuidade a um projeto que já existia, em que a Prefeitura subsidia 50% da compra de mudas. Estamos analisando também a questão do subsídio para compra de mudas de uva. Estamos bem focados em desenvolver a geração de renda para as famílias.

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