Com tecnologia de ponta e impacto social, solução desenvolvida por universitário paranaense e colega sul-mato-grossense automatiza exames de sangue e pode revolucionar a saúde pública
O estudante Nuno Miguel Mendonça Abilio, do 3º ano de Ciência da Computação da Universidade Estadual de Maringá (UEM), é um dos vencedores da primeira edição do Hackathon pela Saúde, com um projeto inovador que utiliza Inteligência Artificial e processamento de imagens para diagnosticar doenças infecciosas.
A tecnologia está a serviço da saúde – e é pelas mãos de jovens universitários que soluções inovadoras estão ganhando forma. Um exemplo é o projeto Tecnoblade, idealizado por Nuno Miguel Mendonça Abilio, estudante da Universidade Estadual de Maringá (UEM), em parceria com João Vitor Ribeiro Lima, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS/Nova Andradina). A dupla foi uma das vencedoras do Hackathon pela Saúde, iniciativa promovida pela multinacional Becton Dickinson (BD) em parceria com a Enactus Brasil.
A proposta premiada une Inteligência Artificial (IA) e processamento de imagens para automatizar diagnósticos de doenças como malária e doença de Chagas, a partir de amostras de sangue. O sistema é capaz de identificar patógenos em poucos minutos, tornando o diagnóstico mais rápido, barato e acessível — especialmente em regiões com infraestrutura precária.
“O processamento de imagens pode ser aplicado a qualquer coisa visível. Pensamos: se o patógeno aparece na amostra, por que não automatizar essa leitura? É uma solução com potencial financeiro e social”, explica Abilio. A ideia surgiu durante um brainstorming com a equipe, inspirada em sua pesquisa no Programa PIBIC/CNPq sob orientação do professor Yandre Costa, do Departamento de Informática da UEM.
O projeto utiliza ferramentas como a plataforma RoboFlow e o modelo Yolo, para reconhecer automaticamente agentes infecciosos nas imagens analisadas. Com isso, a dupla acredita ser possível reduzir em 70% o tempo de diagnóstico e em 40% os custos para o sistema de saúde.
A vitória veio na liga do hackathon voltada à prevenção e controle de doenças infecciosas em comunidades vulneráveis, que contou com 12 equipes concorrentes. A mentoria com especialistas da BD foi fundamental para aprimorar o modelo de negócio e a estratégia de mercado. “Queremos integrar o Tecnoblade com o BD Synapses no futuro. A parceria pode se tornar algo muito maior”, vislumbra Abilio.
O reconhecimento será oficializado durante o Evento Nacional da Enactus Brasil (ENEB), que acontece entre os dias 22 e 25 de julho, em Belém (PA), onde os vencedores receberão o prêmio de R$ 4 mil.
Para o professor Yandre Costa, o mérito do aluno é resultado de dedicação e talento. “Ele sempre se destacou nas pesquisas e teve a visão de aplicar seus conhecimentos fora da universidade. Isso é raro e valioso”, comemora.
Abilio e Lima participam dos núcleos da Enactus em suas respectivas universidades. Na UEM, o projeto de extensão é vinculado ao Departamento de Teoria e Prática da Educação (DTP) e coordenado pela professora Leila Pessôa da Costa. A proposta da Enactus é formar lideranças empreendedoras com foco em impacto social, promovendo soluções sustentáveis para comunidades vulneráveis em todo o Brasil.