O XADREZ APLICADO À EDUCAÇÃO!


A formação integral do aluno é o maior desafio

Atualmente, um problema que aflige a todos é a visão quase sempre parcial das coisas. Valorizamos a especialização desde cedo porque somos condicionados a buscar nela uma resposta para as dificuldades, limitando a visão de mundo, já que passamos a ver tudo fragmentado. Seria como se olhássemos para Terra por uma fresta e a parte visível representasse tudo que nela existe. Deve-se enxergar o movimento da vida como algo único, não estático, sem fragmentos.
Não se pode conceber o homem a partir de uma parte de seu comportamento, da posição social, da etnia ou postura ideológica. Ele é tudo isso e muito mais. Entender que a vida é dinâmica e segue em constante transformação capacita o estudante a ter uma mente mais flexível, com pré-disposição de renovar. Uma mente flexível sabe que as alternativas existem e nunca se contenta com respostas prontas. É, por natureza, curiosa, e sempre aberta ao novo. O raciocínio lógico facilita quanto a pensar rapidamente em alternativas como possíveis respostas às dificuldades. Essa visão o impede de tomar decisões precipitadas, pois saberá que, para todo problema, haverá uma solução com alternativas para encontrá-la. Uma mente assim é mais capacitada para lidar com a dinâmica da vida.
Outro grande dilema: sentir-se encurralado diante de uma situação. Nesse momento, nossa mente não consegue raciocinar com lógica. Os pensamentos são mais ou menos fixos, ou ficam girando em torno de uma mesma ideia, como se estivesse preso ao “vácuo mental”. Nessa condição, não conseguimos vislumbrar alternativas devido ao nosso condicionamento rígido, que valoriza a visão fragmentária dos fatos porque não estamos condicionados a avaliar um problema a partir de sua origem, tentando solucioná-lo pelos seus efeitos, o que é grande erro. A consequência de um problema pode muito bem ter como premissa outro esquecido, ou mal resolvido, e, assim, poder-se-á resolver aquilo que nos soará problemático; mas a origem continuará obscura.
Essa visão parcial limita o nosso pensar. O indivíduo que se especializa numa determinada área do conhecimento por certo terá uma visão restrita de tudo que não diz respeito aos seus domínios. A visão parcial cria um indivíduo temeroso do que possa encontrar além de sua área de atuação. Ele terá determinação e dinamismo apenas dentro dos limites do seu saber, o que criará, entre ele e o mundo, um distanciamento natural.

Possibilidades múltiplas precisam ser consideradas diante de cada problema. Essa bem que poderia ser a primeira diretriz para passar a nossos filhos e alunos. Isso resolveria o problema das verdades únicas que afloram. Teríamos um jovem sempre questionador, sempre disposto argumentar sobre o fato para formar a própria conclusão, e não aceitar apenas porque aquilo lhe é imposto. Seguir sem questionar é fácil e temos essa tendência; mas o indivíduo torna-se um questionador quando conhece o enfoque. A questão, apesar de ter apenas uma solução, tem vários caminhos para se chegar a ela e não um só.

A CONTRIBUIÇÃO DO XADREZ

Um jogador de xadrez tem diante de si problemas ou situações que se apresentam, de um modo inicial, como se não existisse solução. Mas eis que, ao erguer seus olhos, pode vislumbrar algo mais adiante, ter uma visão geral da “batalha”. Ao olhar para todo o tabuleiro, o enxadrista vê a dificuldade e a origem. Procura enxergar o todo e tenta solucioná-lo. Pode antever se as respostas que imagina surtirão o efeito desejado e terá as consequências de cada decisão tomada. Pode reconstituir os passos que o conduziram até aquele problema e, diante da clareza dos fatos, finalmente aprender (e apreender) sobre os efeitos de falhas cometidas. Saberá, ainda, como superar, no futuro ou no agora, cada dificuldade que se apresente diante de si.
O jogo de xadrez se propõe a despertar entre seus praticantes, em primeiro lugar, um essencial estado de atenção, tornando-os observadores qualificados, cuidadosos nos detalhes, mais criteriosos e capazes de decidir. O modo de pensar terá a favor dois aliados importantíssimos para solucionar qualquer questão na vida ou no tabuleiro: a lógica –ensinando a sistematizar e organizar o fato antes mesmo de resolvê-lo – e a versatilidade de uma mente aberta – sempre disposta a experimentar outras possibilidades.
O praticante de xadrez desenvolve a capacidade de antecipar situações possíveis e se torna capaz de encontrar a solução não apenas baseado na lógica, mas de qualquer natureza.
Nessa prática milenar ensinamos que o jogo de Xadrez, apesar de ser uma competição, não precisa se tornar uma disputa, pois não deve existir perdedor ou vencedor, se ambos os contendores aprendem e trocam experiências juntos.
Até a próxima!

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