PARANÁ É O TERCEIRO ESTADO COM MAIS CASOS DE RACISMO E INJÚRIA RACIAL NO BRASIL


O estado fica atrás apenas de Santa Catarina (3.170) e Rio de Janeiro (2.911) no ranking nacional. Foto: João Frigério

Estado registrou quase dois mil crimes de discriminação em 2023; julgamento de caso emblemático reforça debate sobre combate ao racismo.

Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que o Paraná ocupa a terceira posição no ranking de estados com mais registros de racismo e injúria racial. Ontem, a 4ª Vara Criminal de Curitiba realizou a audiência de instrução e julgamento do caso do jornalista Franklin de Freitas, vítima de ofensas racistas em um jogo do Coritiba.

O Paraná segue como um dos estados com mais casos de racismo e injúria racial no país. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2023, foram registrados 1.954 crimes desse tipo, o que representa uma média de cinco ocorrências por dia. O estado fica atrás apenas de Santa Catarina (3.170) e Rio de Janeiro (2.911) no ranking nacional.

A comparação com 2022 revela um aumento preocupante: naquele ano, foram 1.678 registros, indicando um crescimento de 16,5%. Esse cenário reforça a necessidade de ações efetivas para combater o racismo, que é crime imprescritível e inafiançável, com pena de reclusão de dois a cinco anos, além de multa.

Na prática, esses casos estão ganhando mais visibilidade, como o ocorrido com o jornalista Franklin de Freitas, editor de fotografia do jornal Bem Paraná. No dia 28 de abril de 2024, enquanto trabalhava na cobertura da partida entre Coritiba e Brusque, pela Série B do Campeonato Brasileiro, ele foi alvo de ofensas racistas por um torcedor do Coxa. Franklin registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Móvel de Atendimento a Futebol e Eventos (Demafe), e o agressor, Alcione Tessari, foi identificado e expulso do quadro de sócios do clube.

Ontem (13), ocorreu a audiência de instrução e julgamento do caso na 4ª Vara Criminal de Curitiba. Durante a sessão, Franklin e o réu ficaram frente a frente pela primeira vez. “Ele não me pediu desculpas e negou os fatos. Disse que apenas me pediu uma foto, eu recusei e ele saiu envergonhado. Essa versão não condiz com a realidade”, relatou o fotógrafo.

Seis testemunhas foram ouvidas, sendo três indicadas pelo Ministério Público do Paraná (MPPR) e três pela defesa. Enquanto a defesa tentou desqualificar a acusação, as testemunhas do MPPR reforçaram o histórico de conduta inadequada do réu em eventos esportivos. Agora, o desfecho do caso em primeira instância deve ocorrer nos próximos meses.

Antes da audiência, manifestantes se reuniram em frente ao tribunal em apoio ao jornalista. Entre os presentes estavam o deputado estadual Goura Nataraj (PDT) e a vereadora Giorgia Prates (PT). O caso ganhou repercussão na mídia e reforçou a necessidade de punições rigorosas para crimes de ódio.

“Racismo é crime, e essas pessoas precisam pagar por isso”, desabafou Franklin de Freitas, destacando a importância da luta contra a impunidade.

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