Um ano após o fim do rodízio, Região Metropolitana tem reservatórios cheios


Há um ano, no dia 21 de janeiro, era anunciado oficialmente o fim do rodízio no abastecimento na Região Metropolitana de Curitiba. Foram 649 dias com limitação na distribuição de água para os consumidores, reservatórios quase secos e cenas assustadoras. O retorno das chuvas, após a estiagem mais severa dos últimos 90 anos no Paraná, trouxe alívio coletivo.

Além do tempo chuvoso, ações emergenciais e investimentos estruturantes no Sistema de Abastecimento Integrado (SAIC) foram fundamentais para o atingimento da meta colocada pela Sanepar, de 80% da capacidade das represas. No auge da crise hídrica, o índice chegou a 26%. Hoje, com a sequência de chuvas volumosas, todos os reservatórios estão no máximo da capacidade.

“Olhando para trás, é possível avaliar que a Sanepar agiu de forma responsável e adotou todas as medidas possíveis para causar o menor transtorno possível à população. Adotar o rodízio não foi uma decisão fácil, mas foi extremamente importante para assegurarmos regularidade no abastecimento de forma igual para todos os moradores da Região Metropolitana”, afirma o diretor-presidente da Companhia, Claudio Stabile.

O rodízio impactou 14 cidades da região. Além de Curitiba, foram afetadas Colombo, Araucária, Almirante Tamandaré, Bocaiúva do Sul, Campina Grande do Sul, Campo Largo, Campo Magro, Fazenda Rio Grande, Pinhais, Piraquara, Quatro Barras, São José dos Pinhais e Tijucas do Sul.

MEDIDAS – Dentre as ações realizadas para reduzir o consumo de água e auxiliar a superar o momento crítico esteve a campanha Meta20, que visava redução de 20% do consumo pelos cidadãos e que teve adesão imediata. Em média, a população gastou 17% menos água durante o rodízio, e o ensinamento permaneceu após o fim da crise: em 2022, o consumo ficou 15% menor do que antes da crise.

Em relação a medidas efetivas de recomposição do sistema, foram feitas captações temporárias em cavas e pedreiras, transposições de rios e a contratação de um serviço de semeadura de nuvens, que resultaram em chuvas nas bacias de abastecimento Iraí, Passaúna, Piraquara I e Piraquara II.

Também foram realizadas obras estruturantes, como interligações de adutoras do Reservatório Corte Branco, em Curitiba, a fim de reforçar a distribuição de água nas regiões mais distantes, e também a construção de forma emergencial a captação de água do Rio Capivari, em Colombo, que passou a levar até 714 litros de água por segundo para a Barragem do Iraí. Esta obra, prevista para ter início em 2025, foi construída em tempo recorde de seis meses.

PREVENÇÃO – Durante a crise hídrica, a Sanepar e o Governo do Estado lançaram o programa Reserva Hídrica do Futuro, que visa o aproveitamento hídrico e a criação de um corredor de biodiversidade, em 150 quilômetros, passando por 14 municípios entre a Serra do Mar e a cidade de Porto Amazonas. Desenvolvido com recursos da Sanepar, o projeto está concluindo a readequação e desassoreamento de canais, limpeza e manejo de 300 hectares, nas áreas relacionadas às estações de tratamento do Iraí e Iguaçu.

Já está em curso a segunda fase, que consta de projetos e estudos para mapeamento de potencialidades e indicação dos quantitativos a serem recuperados. “Esse projeto vai deixar um legado de abastecimento com água em maior quantidade e qualidade para as próximas gerações”, avalia Stabile.

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